domingo, 17 de agosto de 2008

Palavras Soltas...

Hoje eu estava sentada sobre minha dor, e sob meus pés havia cacos que estavam ali mais pelas coisas não concretizadas do que por algo que tenha se quebrado. Porque o que quebra, foi intacto um dia, mas hoje eu choro mais pelos cacos que eu não alcancei. É facil colar o que se quebra, dificil é acreditar que essa dor ferozmente intacta, em algum momento findará. O fim, o luto, a própria dor, que se mostram intactos, também são frágeis...e se quebram...e findam. O que fazer com os cacos inadequados e injustos? Pela falta de resposta, atribuo a culpa àquele que está mais perto, e quem mais perto de mim senão eu mesma? A solidão sempre dói mais quando é uma consequência e não uma opção, quando chego até ela pelos passos dos outros e não pelos meus. Então, cansada, a procura de alguma morfina, sento, e cada lágrima é um passaporte para o vazio, me levando ao caos de ser quem sou. Tantos "eus" e nenhum se adequa, tantos aplausos e minha vontade é de cuspir na platéia, tanto poço sem posso, tanto colo sem cura, tanto medo sem escudo, tantos passos sem caminho, tanto silencio sem paz, tanta paz sem verdade, tanta verdade sem mim. Me "suicido" neste momento porque percebo que os cacos sob meus pés são genuinamente meus, a força que me resta e que agora é somente minha, me leva á voluntária vontade de não querer colar mais nada de mim, porque não quero o conserto, quero o NOVO. Nao quero mais o cansaço da reconstrução perfeita. Quero EU, e não há nada mais que me conduza a isso do que os reflexos que necessariamente esses cacos me trouxeram.

"Cansada de parecer, de talvez, de quem sabe, de esperar..."

1 Comment:

Seile Manuele Corrêa said...

Se a estrada fosse perfeita, sem pedras, sem cacos, sem dor... Seria cômodo demais, para nós, deambularmos sobre ela. Talvez, levássemos muito mais tempo para descobrir que ela termina onde não gostaríamos de estar e, então, choraríamos por não poder voltar e tomar outros rumos...
Como você disse, talvez os cacos sirvam, não apenas como reflexo de algo que se quebrou, mas como estímulo para dar passos mais largos sobre seus problemas ou ainda... desviar os olhos e a estrada para outra direção!